"...Porque metade de mim é partida mas outra metade é saudade.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui, a outra metade eu não sei ...
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Porque metade de mim é platéia e a outra metade, a canção.
Porque metade de mim é amor e a outra metade também !"
Já tentei te escrever algumas vezes, mas não sei ao certo como começar... Gostaria de iniciar perguntando como estás? Mas sei que essa é uma pergunta difícil de fazer... e difícil de responder... É difícil para as pessoas entenderem, mas perder um filho não se compara com outro tipo de perda... é diferente... é maior... é mais profundo... exige que a gente exceda todos os nossos limites... é algo desumano... é o limite absoluto das nossas forças. Quando os filhos partem antes dos pais, deixam um espaço vago onde não deveria existir um vazio... fica uma lacuna que jamais será preenchida novamente. É anti-natural... é a roda da vida girando em sentido contrário... é um parto às avessas...Como você lindamente escreveu... a vida de uma mulher começa de verdade com a chegada dos filhos... é algo muito forte, muito íntimo, muito intenso... Amamos desde o princípio... desde o momento em que descobrimos uma vida pulsando dentro do ventre. Desde que tomamos consciência de um pequeno ser se desenvolvendo dentro de nós... Em relação a mim, ao meu filho Lucas que partiu tão cedo... Muitas pessoas me questionam se valeu a pena o sacrifício... pensam que foi em vão gerar um filho que se foi tão cedo... Essas pessoas não sabem que um filho jamais vai embora... mesmo estando ausente fisicamente, um filho é sempre parte de nós... vive eternamente no coração de sua mãe e é parte dela... para todo o sempre... E uma mulher que gerou um filho, ainda que o tenha perdido, jamais voltará a ser o que era antes. Pó um lado existe dor e tristeza, o coração sente a falta, a ausência... mas, no fundo, sente também a presença... uma presença diferente, que os olhos não vêem... mas que o coração jamais deixa de sentir. E esses filhos, ainda que tenham partido... deixam marcas eternas, lições, ensinamentos e muito amor... um amor que jamais morrerá enquanto vivermos, enquanto pulsar o nosso coração...Diante da perda de um filho, perde-se o céu, perde-se o ar, perde-se o chão, perde-se o rumo... Mas a relação com nossos filhos é eterna... porém agora, é uma relação elevada a outro nível... mais sublime, espiritual... Para o amor não há limites... não há distâncias... Creio que Deus nos julgou capazes de amar além das fronteiras desse mundo.
Iara... Digo-lhe do fundo do meu coração que apesar de toda dor causada pela separação tão precoce, sou imensamente grata por ter sido merecedora do privilégio de gerar e cuidar, ainda que por tão pouco tempo, de um pequeno anjo de Luz que passou por esse mundo. Você foi escolhida para ser mãe do Gui... uma vida relativamente breve, mas muito intensa... foi pouco tempo, mas VALEU... valeu por toda uma vida... Sei que esse amor não morrerá jamais... e enquanto esse amor existir, nossos filhos permanecerão VIVOS em nós e através de nós que jamais os deixaremos morrer... A ausência é apenas física... Nesses 5 anos e meio de dor, descobri que apenas as pessoas que já passaram por isso são capazes de nos entender e de compreender o que nos vai na alma e no coração. Os outros até tentam, mas muitas vezes na tentativa de nos consolar, apenas nos machucam ainda mais. No início todos se esforçam para nos ajudar... se aproximam... nos deixam falar do filho que perdemos... mas com o passar do tempo, começam apenas a nos cobrar melhoras, querem que a gente vire essa página e dê continuidade a nossa vida. De fato, não nos resta outra alternativa... mas essa página tão importante de nossa vida jamais será virada e esquecida... passarão semanas, meses, anos... mas as lembranças e o amor permanecerão vivos dentro de nós... A dor e o desespero aos poucos cedem espaço para uma saudade mais amena... mais suave... mas o esquecimento é impossível... Tenho hoje 29 anos... quando perdi meu filho tinha apenas 23... eu era tão nova, tão inexperiente... tinha uma fé inocente de menina... achava que Deus jamais deixaria de me atender... como Ele (Deus) poderia ficar indiferente a um pedido tão sincero? Como Ele (Deus) poderia deixar de ouvir uma jovem mãe que apenas suplicava pela saúde de seu filho? Como Ele (Deus ) poderia não se comover com tantas lágrimas? Mas durante sua breve passagem por este mundo o Lucas me fez redescobrir a minha fé... Minha vida recomeçou quando o perdi... E recomeçou com um aprendizado novo, de vida, de luz, de amor absoluto, supremo... Só um Anjo poderia ser tão especial... Lucas veio... plantou essa semente no meu coração... e se foi... Voltou para Deus... Voltou para os Céus... Os anjos o levaram... e ele se tornou um anjo também... Nesse momento, com os olhos do coração, tento enxergar o Lucas e o Gui no céu... Eles estão apenas fora do alcance de nossos olhos e de nossos braços... mas jamais estarão fora do alcance de nosso amor...
O Lucas e o Guilherme dormiram sem saber... e acordaram diante de Deus... Um dia, também adormeceremos para sempre neste mundo... e acordaremos diante de Deus e de nossos filhos... Como costuma dizer uma grande amiga, também mãe enlutada... “será como acordar depois do parto... e receber nosso bebê nos braços...” daí sim teremos a eternidade toda para ficarmos juntos... Cabe a nós vivermos o tempo que nos resta da melhor forma possível para um dia merecermos esse reencontro... nossos filhos partiram puros, inocentes, sem mácula alguma... Que sejamos capazes de acumular boas ações que também nos façam merecedoras de ir para o mesmo lugar onde nossos filhos se encontram. E quando falo de Deus, falo numa força superior, acima de qualquer crença ou religião... Desculpe, já nem sei tudo o que escrevi... sempre me emociono muito... Somente quero dizer que neste momento choro com você... por você... por mim... pois sei exatamente o que você deve estar sentindo... Se algo que ouvi tivesse me feito sentir melhor de fato, eu repetiria para você... mas sei que nada nesse momento vai aliviar o que estás sentindo. A vida segue, mas com outro significado... e com o passar do tempo aprenderás a sentir a presença do Guilherme no vento que sopra, no brilho das estrelas, no cheiro das flores, no calor dos raios de sol, na brisa de cada manhã, no murmúrio do mar, no cantar dos pássaros, no azul do céu, no sublime... Nossos filhos estão em tudo... a essência deles nos acompanha... para sempre... O amor não morreu com o último pulsar daquele coração que era um pedaço de nós... o AMOR é muito maior que a morte... Já escrevi demais, mas a emoção sempre toma conta de mim quando falo nesse assunto... sinceramente, peço desculpas por estar me intrometendo num momento tão delicado, tão dolorido... A data de aniversário dele está tão próxima... logo também já fará um mês de sua partida... Qualquer data comemorativa tem um forte impacto emocional... muitas recordações vem à tona... Serão sempre datas difíceis, pois nos parece que o tempo, a cada nova contagem, nos afasta mais de tudo o que vivemos... É tão difícil para os outros entender como podemos continuar nutrindo um amor tão forte e tão intenso por um filho que já não temos ao nosso lado... mas o que os outros não entendem é que estando longe, ou estando perto, aqui ou do outro lado do mundo ou até mesmo em outro mundo, mães e filhos estão sempre unidos e ligados... o cordão nunca se rompe definitiva e completamente. Uma vez mães... para sempre mães... Nós os amamos mais que a vida... e os amamos além da vida... Nossos filhos chegaram e mudaram pra sempre nossas vidas... as lições deixadas permanecerão para sempre... Hoje eles são nossa LUZ... A despedida terrena não foi um ponto final... mas tão somente RETICÊNCIAS... significando algo que não terminou... que deve continuar... algo mais vem adiante... com certeza virá... nosso REENCONTRO...
3 comentarios:
Oi Iara
Já tentei te escrever algumas vezes, mas não sei ao certo como começar... Gostaria de iniciar perguntando como estás? Mas sei que essa é uma pergunta difícil de fazer... e difícil de responder... É difícil para as pessoas entenderem, mas perder um filho não se compara com outro tipo de perda... é diferente... é maior... é mais profundo... exige que a gente exceda todos os nossos limites... é algo desumano... é o limite absoluto das nossas forças. Quando os filhos partem antes dos pais, deixam um espaço vago onde não deveria existir um vazio... fica uma lacuna que jamais será preenchida novamente.
É anti-natural... é a roda da vida girando em sentido contrário... é um parto às avessas...Como você lindamente escreveu... a vida de uma mulher começa de verdade com a chegada dos filhos... é algo muito forte, muito íntimo, muito intenso... Amamos desde o princípio... desde o momento em que descobrimos uma vida pulsando dentro do ventre. Desde que tomamos consciência de um pequeno ser se desenvolvendo dentro de nós... Em relação a mim, ao meu filho Lucas que partiu tão cedo... Muitas pessoas me questionam se valeu a pena o sacrifício... pensam que foi em vão gerar um filho que se foi tão cedo... Essas pessoas não sabem que um filho jamais vai embora... mesmo estando ausente fisicamente, um filho é sempre parte de nós... vive eternamente no coração de sua mãe e é parte dela... para todo o sempre... E uma mulher que gerou um filho, ainda que o tenha perdido, jamais voltará a ser o que era antes. Pó um lado existe dor e tristeza, o coração sente a falta, a ausência... mas, no fundo, sente também a presença... uma presença diferente, que os olhos não vêem... mas que o coração jamais deixa de sentir. E esses filhos, ainda que tenham partido... deixam marcas eternas, lições, ensinamentos e muito amor... um amor que jamais morrerá enquanto vivermos, enquanto pulsar o nosso coração...Diante da perda de um filho, perde-se o céu, perde-se o ar, perde-se o chão, perde-se o rumo... Mas a relação com nossos filhos é eterna... porém agora, é uma relação elevada a outro nível... mais sublime, espiritual... Para o amor não há limites... não há distâncias... Creio que Deus nos julgou capazes de amar além das fronteiras desse mundo.
Iara... Digo-lhe do fundo do meu coração que apesar de toda dor causada pela separação tão precoce, sou imensamente grata por ter sido merecedora do privilégio de gerar e cuidar, ainda que por tão pouco tempo, de um pequeno anjo de Luz que passou por esse mundo. Você foi escolhida para ser mãe do Gui... uma vida relativamente breve, mas muito intensa... foi pouco tempo, mas VALEU... valeu por toda uma vida... Sei que esse amor não morrerá jamais... e enquanto esse amor existir, nossos filhos permanecerão VIVOS em nós e através de nós que jamais os deixaremos morrer... A ausência é apenas física... Nesses 5 anos e meio de dor, descobri que apenas as pessoas que já passaram por isso são capazes de nos entender e de compreender o que nos vai na alma e no coração. Os outros até tentam, mas muitas vezes na tentativa de nos consolar, apenas nos machucam ainda mais. No início todos se esforçam para nos ajudar... se aproximam... nos deixam falar do filho que perdemos... mas com o passar do tempo, começam apenas a nos cobrar melhoras, querem que a gente vire essa página e dê continuidade a nossa vida. De fato, não nos resta outra alternativa... mas essa página tão importante de nossa vida jamais será virada e esquecida... passarão semanas, meses, anos... mas as lembranças e o amor permanecerão vivos dentro de nós... A dor e o desespero aos poucos cedem espaço para uma saudade mais amena... mais suave... mas o esquecimento é impossível... Tenho hoje 29 anos... quando perdi meu filho tinha apenas 23... eu era tão nova, tão inexperiente... tinha uma fé inocente de menina... achava que Deus jamais deixaria de me atender... como Ele (Deus) poderia ficar indiferente a um pedido tão sincero? Como Ele (Deus) poderia deixar de ouvir uma jovem mãe que apenas suplicava pela saúde de seu filho? Como Ele (Deus ) poderia não se comover com tantas lágrimas? Mas durante sua breve passagem por este mundo o Lucas me fez redescobrir a minha fé... Minha vida recomeçou quando o perdi... E recomeçou com um aprendizado novo, de vida, de luz, de amor absoluto, supremo... Só um Anjo poderia ser tão especial... Lucas veio... plantou essa semente no meu coração... e se foi... Voltou para Deus... Voltou para os Céus... Os anjos o levaram... e ele se tornou um anjo também... Nesse momento, com os olhos do coração, tento enxergar o Lucas e o Gui no céu... Eles estão apenas fora do alcance de nossos olhos e de nossos braços... mas jamais estarão fora do alcance de nosso amor...
O Lucas e o Guilherme dormiram sem saber... e acordaram diante de Deus...
Um dia, também adormeceremos para sempre neste mundo... e acordaremos diante de Deus e de nossos filhos... Como costuma dizer uma grande amiga, também mãe enlutada... “será como acordar depois do parto... e receber nosso bebê nos braços...” daí sim teremos a eternidade toda para ficarmos juntos... Cabe a nós vivermos o tempo que nos resta da melhor forma possível para um dia merecermos esse reencontro... nossos filhos partiram puros, inocentes, sem mácula alguma... Que sejamos capazes de acumular boas ações que também nos façam merecedoras de ir para o mesmo lugar onde nossos filhos se encontram. E quando falo de Deus, falo numa força superior, acima de qualquer crença ou religião... Desculpe, já nem sei tudo o que escrevi... sempre me emociono muito... Somente quero dizer que neste momento choro com você... por você... por mim... pois sei exatamente o que você deve estar sentindo... Se algo que ouvi tivesse me feito sentir melhor de fato, eu repetiria para você... mas sei que nada nesse momento vai aliviar o que estás sentindo. A vida segue, mas com outro significado... e com o passar do tempo aprenderás a sentir a presença do Guilherme no vento que sopra, no brilho das estrelas, no cheiro das flores, no calor dos raios de sol, na brisa de cada manhã, no murmúrio do mar, no cantar dos pássaros, no azul do céu, no sublime... Nossos filhos estão em tudo... a essência deles nos acompanha... para sempre... O amor não morreu com o último pulsar daquele coração que era um pedaço de nós... o AMOR é muito maior que a morte... Já escrevi demais, mas a emoção sempre toma conta de mim quando falo nesse assunto... sinceramente, peço desculpas por estar me intrometendo num momento tão delicado, tão dolorido... A data de aniversário dele está tão próxima... logo também já fará um mês de sua partida... Qualquer data comemorativa tem um forte impacto emocional... muitas recordações vem à tona... Serão sempre datas difíceis, pois nos parece que o tempo, a cada nova contagem, nos afasta mais de tudo o que vivemos... É tão difícil para os outros entender como podemos continuar nutrindo um amor tão forte e tão intenso por um filho que já não temos ao nosso lado... mas o que os outros não entendem é que estando longe, ou estando perto, aqui ou do outro lado do mundo ou até mesmo em outro mundo, mães e filhos estão sempre unidos e ligados... o cordão nunca se rompe definitiva e completamente. Uma vez mães... para sempre mães... Nós os amamos mais que a vida... e os amamos além da vida... Nossos filhos chegaram e mudaram pra sempre nossas vidas... as lições deixadas permanecerão para sempre... Hoje eles são nossa LUZ... A despedida terrena não foi um ponto final... mas tão somente RETICÊNCIAS... significando algo que não terminou... que deve continuar... algo mais vem adiante... com certeza virá... nosso REENCONTRO...
Forte e carinhoso abraço, DANI
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